Muito barulho por nada
30/10/2020
Há um ditado que diz: “Pior que um inimigo somente um ex-amigo”. Afinal numa relação rompida entre dois parceiros sobra rancor, ressentimentos e um poço de mágoas.
Nunca é demais lembrar as eleições gerais de 2018, que ficaram conhecidas como as eleições da renovação da política e do sepultamento das velhas práticas do chamado toma lá dá cá.
No segundo turno daquelas eleições, repetiu-se a polarização esquerda-direita, mas desta vez, o neófito Jair Bolsonaro substituindo o PSDB no embate histórico contra o PT.
Aqui em São Paulo, que também teve segundo turno, sobraram João Doria, do PSDB, e Márcio França, pelo PSB.
João Doria, que criou uma grande cizânia dentro do seu próprio partido ao se afastar de seu ex-padrinho político, Geraldo Alckmin, logo colou a sua candidatura na de Jair Bolsonaro. Espalhou pelos quatro cantos do estado o binômio “Bolsodoria”.
Doria, queria assim mostrar que, ao lado do então candidato do PSL, era também um representante da renovação política.
A tática deu certo já que ele venceu Márcio França por uma pequena margem de votos.
Como o mané botequeiro sabe a lua de mel entre o presidente mito e o governador Doria durou pouco.
Veio a pandemia e as diferenças de posturas entre ambos tornaram explícitas. Enquanto um defendia medidas restritivas para conter a doença o outro negava a gravidade da situação e contra-argumentava de que obrigar as pessoas ficarem em casa iria acabar quebrando a economia.
A bem da verdade, é que por conta dessa politização absurda dessa emergência sanitária, caímos no pior dos mundos: com milhões de mortos vítimas do coronavírus e uma economia combalida por conta de ações descordenadas no enfrentamento da doença.
Agora a rivalidade entre o presidente e o governador recrudesceu com a questão da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês CoronaVac, em parceria com o Instituto Butantã, daqui de São Paulo.
Oportunamente o governador, mesmo com a vacina ainda em fase de testes, começou a anunciar aos quatro ventos de que logo os brasileiros de São Paulo poderiam ser imunizados. E que essa mesma vacina seria oferecida para outros estados.
O presidente Jair, que como disse Delfim Netto de tolo não tem nada, percebeu a jogada política do seu arqui-rival e contra-atacou. Voltando ao seu velho estilo hard core, Jair trompeteou nas redes sociais de que os brasileiros não iriam servir de cobaia para uma vacina que não tem eficácia comprovada.
Para muitos analistas essa guerra da vacina que agitou o país na semana passada foi uma tempestade em copo d’água já que a vacina milagrosa, a rigor, ainda sequer existe.
Mas é assim que caminha a humanidade no Brasil de hoje.