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Cercado de Zulus por todos os lados

 

26/06/2020

 

No premiadíssimo filme “A Rainha”, uma espécie de cinebiografia não autorizada da monarca mais célebre (e longeva) deste século e passado, o príncipe Edward, marido de Elizabeth II, comenta em uma certa cena: “Estamos cercados por Zulus por todos os lados”. O filme foca um momento de intensa crise da coroa britânica, provocada pela trágica morte de Lady Diana.

Aliás uma explicação histórica e oportuna para o nosso amigo mané, neovegano: Zulus são tribos africanas que combateram bravamente os invasores brancos, durante a expansão neocolonialista europeia no continente durante o século XIX.

Guardadas as devidas proporções, essa deve ser a mesma sensação que vem passando o clã mais poderoso do país. Enfrentando ao mesmo tempo diversas frentes de batalhas o núcleo presidencial parece dispor de poucas armas em seu arsenal nesse momento.

Até as suas tropas de seguidores, que atuam freneticamente nas redes virtuais e nos amplos espaços do plano piloto de Brasília, parecem ter sido insuficientes para reverter os sucessivos reveses que vem sofrendo o presidente Jair.

O mais recente baque foi naturalmente a captura de Fabrício Queiroz, que foi o todo poderoso faz tudo do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa fluminense.

Como até o veganista mané bem sabe, a prática da rachadinha, apesar de ser irregular e até criminosa, é algo que acontece corriqueiramente em todas as Casas das Leis deste país. Mas o que o Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita fortemente, é que Queiroz, à época, dissimulava nessa “pequena” irregularidade algo muito mais grandioso: um polpudo esquema de lavagem que envolvia até elementos da bandidagem local.

Ao que se consta, o MP-RJ está mais do que seco para esmiuçar toda essa história, tintim por tintim. Sem deixar pedra sobre pedra.

Mas os Bolsonaros ainda têm que se preocupar com outros “Zulus”: o STF (cujos supremos ministros, debaixo de suas togas, esfregam as suas mãos, cada vez que desarticulam alguma artimanha presidencial), o TSE (onde ganha consistência a ação que pede a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão) e o Congresso Nacional (que coleciona “n” pedidos de impeachment e que de tão represados provocam uma pressão insuportável para o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara).

Aguardemos cenas dos próximos capítulos deste épico brasiliense.

Postoipiranga

Com o iceberg se aproximando cada vez do Titanic, o ministro Paulo Guedes terá que enfrentar a hora da verdade a qualquer momento. Com muito pouco apoio e num governo, como foi dito, sob intenso bombardeio, o postoipiranga está no dilema se ainda continua no posto ou joga a toalha também, como fez Sergio Moro.

É um drama muito parecido que enfrentou Marcílio Marques Moreira, então ministro da fazenda, nos momentos finais do processo de impeachment do presidente Collor.

Resolveu ficar e manchou a sua biografia para sempre.

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