Torcida única
20/12/2019
Em uma entrevista concedida semana passada ao jornal Folha de S.Paulo o governador da Bahia, Rui Costa, ao comentar o clima de polarização que vive o país, disse o seguinte: “As pessoas não querem conversar mais. As pessoas estranham quando dois políticos adversários conversam. Torcida única em estádio virou lugar-comum, é um retrocesso gigantesco. Isso é um mal.”
Torcida única, bem sabe o nosso amigo mané dos pubs do Brasil, é quando em uma partida de futebol que envolve dois grandes times, por questões de segurança, somente uma das torcidas destas equipes ocupam o estádio.
Não poderia ser mais precisa essa definição do governador para mostrar a que ponto chegamos. O grau de intolerância e beligerância é tamanha que pessoas com diferentes posições e opiniões não podem se encontrar sem o risco de irem às vias de fato.
Assim, os grandes debates nacionais, quando se realizam, obedecem a este esquema dicotômico: os do lado de lá falam uma coisa e os do lado de cá falam outra coisa. E fica por aí mesmo.
Não há uma mediação, não há uma troca de ideias, pensamentos, de fomento do contraditório. Como disse Rui Costa: “As pessoas estranham quando dois políticos adversários conversam”.
Todo mundo acaba perdendo com essa situação. Principalmente a democracia.
Sem filé mignon
Com o preço do acém se aproximando ao da picanha é curioso observar o comportamento diante da crise da carne.
Age (ou não age) como se o problema não fosse com ele. Afinal de contas, como diria o posto ipiranga, o mercado se autorregulará e tudo voltará ao normal.
Tucanadas
Como já é meio que tradição dentro do PSDB, a disputa da liderança na Câmara dos Deputados foi bastante acirrada. Se diglariaram as tropas do governador paulista João Doria e do deputado mineiro Aécio Neves, que tenta renascer das cinzas. O segundo venceu a peleja ao emplacar o desconhecido Celso Sabino, do Pará.
A relação entre essas duas lideranças do alto tucanato mais parece um eletrocardio de um hipertenso.
Lá trás, quando as gravações dos irmãos Batistas vieram à público e comprometeram o então senador, Doria, já prefeito de São Paulo e estrela em ascensão, foi um dos primeiros a pedir a sua expulsão.
Meses depois, quando disputava com o seu padrinho político, Alckmin, a indicação a candidato à presidência, Doria se aproximou do seu desafeto e mudou o discurso.
Mais de um ano depois voltam a se enfrentar. Com o triunfo de Neves a correlação de forças dentro do PSDB parece ter encontrado um ponto de equilíbrio.
Até a próxima disputa.