Pandemia e pandemônio
18/11/2020
A pandemia parece longe de acabar mas o presidente mito parece continuar a viver numa realidade alternativa.
Quando, lá atrás, a doença começou a acelerar o número de óbitos, ele falou que tudo aquilo não seria mais do que uma gripezinha. Também sugeriu que todo mundo tomasse cloroquina.
Depois de um período de relativa estabilização, os casos voltaram a aumentar em escala geométrica e, de novo, os hospitais voltaram a lotar. E o nosso presidente falou que a pandemia está no fim...
O mais curioso, e em certa medida preocupante, é que a grande maioria das pessoas não parece mais muito a sério o que o presidente fala. O nível de absurdos retóricos proferidos nos últimos dois anos foi tão intenso e virulento que isso de uma certa maneira anestesiou a opinião pública.
O jornalista Cláudio Humberto, do grupo Bandeirantes de comunicação, disse que as falas presidenciais são um monte de besteiras que não devem ser muito levados a sério.
É bom que se diga que nos tempos da dona Dilma, quando a presidenta cometia um mínimo de escorregadela verbal o mundo inteiro caía na cabeça dela.
Mas voltando ao mito, o fato é que o seu governo parece ter se resumido em algo que é comum em políticos que chegam lá meio por forças das circunstâncias e sem uma agenda mínima e exequível de governança: tentam sobreviver na medida do possível.
Com as eleições para presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, o Palácio do Planalto concentra esforços para ungir um favorito seu. No caso o deputado alagoano Arthur Lira.
Não existe nada de notável na carreira política do nobre deputado, mas ele conta com algumas “capivaras” que tem que responder. Aliás, Lira é (ou era) um dos amigos mais próximos do ex-deputado Eduardo Cunha, atualmente em prisão domiciliar. Recentemente apareceu a denúncia de prática de rachadinha em seu gabinete.
Enquanto isso, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que manobrou para tentar se reeleger (o que a Constituição proíbe), tenta reorganizar as suas tropas e lançar um candidato seu.
Mas mesmo que consiga indicar um sucessor e, mais do que isso, conseguir elegê-lo, fica um grande dúvida se o próximo presidente da Casa consiga fazer funcionar o sistema de freios e contrapesos tão necessários nestes tempos de pandemia e de pandemônio.