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Fim da reeleição já

 

18/09/2020

 

O sociólogo de sempre Fernando Henrique Cardoso vive hoje uma situação inusitada. Considerado um dos maiores intelectuais deste país, FHC, que também era político, elegeu-se presidente em 1994. Com dois mandatos consecutivos entrou para a história como o estadista que acabou a hiperinflação no país.

Mas a despeito de poder ser considerado um monumento vivo, ele parece ser menosprezado pelo seu próprio partido, o PSDB. Coisas da política.

De qualquer maneira toda a atenção do mundo o seu artigo publicado no último dia 05 no “Estadão”: “Reeleição e crises”.

Em tom de mea-culpa FHC admite que a reeleição para os cargos majoritários, um instituto que o seu grupo político introduziu no seu primeiro mandato, tornou-se, a longo prazo, um erro histórico.

De fato, a reeleição é uma daquelas coisas que veem recheadas de boas intenções, mas que por fim nos faz desembocar no pior dos infernos.

Não seria pouco exagerar dizer que toda essa crise que nos atormenta há pelo menos sete anos tem as suas origens mais venais na emenda constitucional que permitiu os governantes a renovarem os seus mandatos.

Na ânsia de ficar mais quatro anos na cadeira de ouro, os políticos (sejam eles de esquerda, de direita, de centro ou da quinta dimensão) trabalham mais para eles do que propriamente para o país.

Ademais pode-se considerar que a reeleição também até ajudou a enfraquecer os partidos políticos, já que prestigia mais as candidaturas personalistas e prejudica a renovação de lideranças dentro das agremiações.

No dito artigo, o ex-presidente também sugere que, com o fim da reeleição, um mandato de quatro anos fica muito curto. Estenderia assim para cinco anos.

Muita pouca gente deve lembrar, mas foi exatamente isso que Lula da Silva propões uma vez: um mandato de cinco anos, sem reeleição.

Essa mudança seria também auspiciosa em outro aspecto: separaria a escolha do presidente do de outros, do Poder Legislativo, como os de deputados (estaduais e federais) e de senadores.

No atual calendário eleitoral, a eleição presidencial sempre acaba ofuscando (e prejudicando) as outras escolhas que o eleitor deve fazer, a cada quatro anos.

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