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Missão, visão e valores

 

11/09/2020

 

O nosso amigo mané, assíduo frequentador dos pubs tupiniquins, vez e outra, se surpreende quando abre o jornal de manhã e se depara com notícias do tipo como “Reforma administrativa é enviada ao Congresso”.

A primeira pergunta que surge na cabeça do nosso amigo é que “raio de reforma é essa”.

Pois é, a reforma administrativa, assim como outras reformas, que os “çabios” de plantão sempre insistem em dizer que elas são essenciais ao país, tornam-se pautas dos grandes jornais da noite para o dia. Quase que por encanto essas reformas surgem nas páginas dos grandes matutinos (além das famigeradas redes virtuais) e viram assuntos de botequins.

E isso quando elas não são votadas de maneira instantânea pelo Congresso Nacional, com uma celeridade assombrosa que contrasta com a morosidade de como outros assuntos são debatidos pelos nossos legisladores. Foi assim com a reforma trabalhista e também com o maldito teto de gastos, ungidas em tempo recorde no governo pós-golpe de Michel Temer.

Essa tal reforma administrativa guarda relação direta com o Estado, com a estrutura político-administrativa da União. E assim como a escalação da seleção brasileira, cada especialista tem uma reforma administrativa na cabeça.

Os neoliberais, que prefere um Estado “enxuto”, propõe cortes radicais em tudo. Já os chamados esquerdistas, que clamam por um Estado mais atuante e forte na sociedade (não necessariamente grande e inchado), pregam o contrário. Acham que até alguns mecanismos estatais devem ser fortalecidos.

O grande problema é que, a exemplo do que aconteceu com outras reformas “salvadoras”, é que o debate, que deveria ser amplo, geral e irrestrito, sempre é interditado. Esses temas tão importantes para o país ficam restritos, na sua discussão, por uns poucos e, poderosos, atores sociais, além dos especialistas de sempre. Entidades organizadas da sociedade civil e sindicatos (e não somente de trabalhadores), por exemplo, ficam alijadas do processo.

No caso particular da reforma administrativa há ainda um agravante de que ela deveria ser discutida num contexto maior. Como foi dito, ela tem uma relação intrínseca com a máquina estatal e, portanto, deveria estar embutida dentro de um projeto de país.

Esse é o grande problema das nossas elites dirigentes: desde Cabral, com raras exceções, elas são incapazes de formatarem um projeto nacional. Os militares tinham um projeto de país. O “Brasil Grande” que eles projetavam, equivocadamente ou não, era um projeto de país.

A empresas privadas, que estão em consonância com as modernas técnicas administrativas, sempre se apoiam em “Missão, Visão e Valores”.

Devemos cobrar dos nossos políticos qual triplico eles propõem ao país.

Pergunta que não quer calar

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