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O concreto já rachou?

 

16/10/2020

 

O capitão presidente vive uma situação inusitada. A despeito de ver a sua popularidade ter sido fortificada com o auxílio emergencial, um ruído sintomático se fez perceber nas redes sociais desde que surgiu a indicação de Kassio Marques ao cargo que será vago com a aposentadoria do decano Celso de Mello no STF (Supremo Tribunal Federal).

Essa indicação surpreendeu o mundo político de Brasília e uma perplexidade nos seguidores mais ardorosos do atual governo. Afinal de contas, desde que o ministro anunciou que iria pendurar a toga brevemente, o presidente anunciou aos quatros ventos que “o próximo indicado seria alguém terrivelmente evangélico”.

Seria uma forma de prestigiar uma das alas mais caras de seu eleitorado, além de inserir na alta corte do magistrado brasileiro alguém que defenderia todas as bandeiras de costumes do novo status quo. E para aqueles bolsonaristas mais beligerantes, que defenderam meses atrás, em atos estridentes pelo país afora, o fechamento puro e simples do STF e do Congresso, tal indicação seria uma deliciosa desforra contra aqueles arrogantes e prepotentes senhores, que por acharem que são deuses, se atreveram a afrontar de maneira tão petulante o mito.

Assim o surgimento da indicação desse discreto desembargador do Tribunal Regional da 1ª Região (TRF-1), que aliás chegou lá graças a uma do governo de Dilma Rousseff, foi um verdadeiro balde de água fria.

Nunca antes na história, desde que a candidatura do mito começou a ser forjada, um ato seu foi tão contestada nas redes sociais, superando até mesmo aquela “crise” provocada com a saída de ex-juiz Sérgio Moro do governo.

Aliás, num fato inédito, o próprio presidente teve que vir a público para defender a sua indicação e, vejam vocês, criticar aqueles apoiadores mais contrariados. “Peço um mínimo de Inteligência”, desabafou.

Para o presidente Jair o assunto já está superado mas um indisfarçável mal estar ainda paira nas redes sociais. A questão que se coloca é a seguinte: será que surgiu um trinco na sedimentada base de apoio digital ao presidente?

Estelionato eleitoral

Um pouco antes de decepcionar parte de seus seguidores, Jair Bolsonaro anunciou que as discussões para a criação do tão polêmico Renda Cidadão (o antigo Renda Brasil rebatizado) ficariam para depois das eleições municipais.

Como sabe o nosso amigo mané dos pubs a criação de um Bolsa Família para chamar de seu tornou-se uma obsessão presidencial e um pesadelo dantesco para a equipe do dr. Guedes que, como disse o articulista da Folha Elio Gaspari, “quer tirar dinheiro de quem não o tem porque não quer ir ao bolso de quem o tem”.

Quando ficou sabendo que as tratativas do bolsa salva pátria estaria suspensas até depois do 2º turno, o mané pubeiro lembrou de um episódio que aconteceu no governo Sarney. Era o ano de 1986 e o Brasil vivia o congelamento de preços do Plano Cruzado. Era também ano de eleições gerais e o principal partido governista, o PMDB, ganhou de forma consagradora. Mas logo no dia seguinte o presidente descongelou a carestia de maneira ampla, geral e irrestrita.

O episódio ficou conhecido como estelionato eleitoral.

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