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Trabalho de formiguinha

 

05/03/2021

 

Há mais de três anos esse espaço destacou um comentário do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros: “o povo asiático é igual formiga: gosta de poupar. Já o brasileiro é a cigarra: gosta de gastar”.

O economista, que por muito tempo militou no PSDB, afirmou que essa característica dos povos do oriente longuíquo foi importante (não a única logicamente) para que países como o Japão, Coreia do Sul e, finalmente, a China se tornassem economias sólidas e dinâmicas que conhecemos hoje.

Com uma poupança interna, própria e robusta, esses países dependeram menos de investimentos externos para financiarem o seu crescimento econômico.

O Brasil, a exemplo de outros países latino-americanos, ao contrário, sempre dependeu do capital estrangeiro para fomentar a sua economia. Isso foi mais latente nas décadas de 1960 e de 1970, quando para financiar “o milagre brasileiro”, o regime militar captou vultosos montantes de dólares dos bancos estrangeiros. A despeito do excepcional crescimento na época, a conta não tardou a aparecer. E veio mais salgada do que bacalhau. Com uma dívida externa impagável, o Brasil tornou-se praticamente insolvente e a década de 1980 ficou conhecida como a “década perdida”.

Essa situação só melhorou efetivamente no início deste século, quando já na era lulopetista, o Brasil viveu o boom das comodities: ao “descobrir” o planeta China, ávidas por produtos que só nós podemos produzir em escala maciça, como a soja, o agronegócio brasileiro começou a bombar. E bomba até hoje. Mas a dependência financeira continuou. E permanece até hoje.

A coluna, na época, terminou assim: “Consumir é muito bom. Aumenta as vendas, coloca mais dinheiro no mercado, promove o crescimento das empresas, que contrata mais empregos, que, finalmente, aumenta mais o consumo. Ou seja, cria-se um verdadeiro círculo virtuoso.

Mas poupar também é fundamental. E o exemplo deve começar debaixo. Cada família, cada brasileiro deve virar um pouco formiga. Se cada cidadão começar a fazer o seu pé-de-meia, no futuro, o país todo terá um nível de poupança suficiente que quebre esse eterno ciclo de dependência externa. Um trabalho de formiguinha que deve começar já.”

Na edição de domingo passado o jornal “O Estado de S.Paulo” veio com a seguinte manchete: “Pandemia e crise despertam no brasileiro o desejo de poupar”. A dita matéria comenta uma mudança importante no comportamento financeiro do brasileiro. Somente com um cenário tão catastrófico como que estamos vivendo nos demos conta da necessidade de formar uma reserva extra para eventuais emergências.

Mas alguns estudos, antes mesmo dessa pandemia, já captavam alguns sinais desta nova postura de várias pessoas em preservar parte dos seus ganhos na velha e boa poupança (apesar dela não render tanto quanto antigamente). Naturalmente que a atual situação parece estar fomentando ainda mais essa mudança de comportamento dos brasileiros em relação ao seu orçamento doméstico.

Tomara que se perdure.

Sonho de consumo

O comissariado petista deseja ter a empresária Luiza Trajano, CEO do Magazines Luiza, como vice na chapa presidencial ao lado de Fernando Haddad em 2022. Querem assim reeditar a bem sucedida aliança Trabalho-Capital de 2002, com Lula presidente e o empresário mineiro (já falecido) José Alencar como vice.

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