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A hora do filé mignon

 

04/10/2019

 

Enquanto o país, atônico, tomava conhecimento das revelações estapafúrdias do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, o comissariado bolsonarista vem realizando tratativas intensas (e discretas) com o presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), com vistas à aprovação do nome do número do três do Jair à embaixada do Trumpistão.

Como o mané, rei dos botecos, deve saber o indicado pelo presidente a um cargo diplomático tão importante deve passar pelo crivo dos nobres senadores.

Como até o amiguinho de escola do neto mais novo do nosso amigo mané sabe, o caçula do clã tem como grande experiência internacional ter “fritado muito hamburguer para os gringos” (aliás, hamburguer não se frita e sim se grelha, mas deixa pra lá).

Mas o fato é que nas conversações tudo está sendo negociado. De indicações a cargos na máquina federal à liberação de verbas. Até a blindagem do líder do governo, Fernando Bezerra (DEM-PE), que foi alvo de uma ação da Polícia Federal, entrou na equação.

Mesmo a aprovação final da reforma da previdência do deus mercado, que se dava como favas contadas, ficou sobrestada diante da inversão de pauta das prioridades.

Talvez o mané não ser recorde, mas Davi foi o ungido pelo comissariado que derrotou o todo poderoso Renan Calheiros (MDB-AL) na disputadíssima eleição pela presidência da Câmara Alta do Congresso Nacional, ocorrida no início deste ano. A sua amizade com Onyx Lorenzoni, bolsonarista de primeira hora, foi decisiva para a sua indicação.

Alcolumbre tinha à época o mesmo arsenal de munições (promessas indicações, verbas, etc, etc) para abater o Golias de Alagoas. Foi, viu e venceu.

Agora procura corresponder a confiança que lhe foi depositado pelo novo status quo.

Guerra interna

Enquanto isso o PSL, partido adotado pelo clã nas eleições passadas, vive uma guerra fraticida. Meio que escolhido na base do “uni, duni, dê” por Jair, esse partido surgiu após o tsunami reacionário de outubro passado, com a maior bancada eleita no Câmara dos Deputados, ao lado do PT.

O comissariado esperava que a legenda, fortificada, se tornasse o pilar principal da base de sustentação do governo no Congresso Nacional. Ledo engano.

Interesses contrariados, guerra de egos, dentre outras contingências que sempre estão presentes na micropolítica, estão minando a sigla, que já sofreu algumas dissidências, tanto na Câmara quanto no Senado.

Rumo a 2020

Consciente de que as eleições municipais do ano que vem serão estratégicas para as gerais (e presidenciais) em 2022, o PT vem formatando o seu plano de voo nas disputas nas capitais federais. Cogita-se até em abrir mão de candidaturas próprias para apoiar nomes mais viáveis no campo da centro-esquerda.

É o caso de Porto Alegre, onde o partido pode apoiar Manuela D’Avila, do PcdoB. Aqui em São Paulo há quem defenda apoiar Márcio França, que poderá ser o candidato do PSB. Ou então lançar o ex-ministro de Justiça de dona Dilma, José Eduardo Cardozo.

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