O capitão ataca outra vez
04/09/2020
O professor Delfim Netto, colaborador do jornal Gente, da rádio Bandeirantes, disse recentemente: “O presidente Jair Bolsonaro pode ser tudo, menos ingênuo. Não devemos subestimá-lo!”.
Pois é, no alto dos seus 92 anos de idade, um dos pais do chamado “milagre econômico” da década de 1970, ainda tem muito o que dizer desses tempos modernos da chamada “nova” política.
Provavelmente aconselhado por Gilberto Kassab (outro raposão da política de sempre), o presidente domou a fera que tem dentro de si e vem modulando a sua retórica conforme as circunstâncias mandam.
Esse espaço já começou o episódio do nascedouro do Auxílio Emergencial. É bom que se diga que nem passava na cabeça do Jair criar um subsídio social desta natureza, quando alguns cabeças sensatas do Poder Legislativo se mobilizaram para fazer algo diante do desastre social que se formava à frente, por conta dos efeitos perversos da pandemia.
Pois bem. No início das discussões, o Congresso Nacional queria pagar R$ 500,00 mas os doutores do postoipiranga diziam que módicos R$ 200,00 era o suficiente. Aproveitando um momento de rara oportunidade e conveniência política o zero-zero pôs fim à discussão: “Vamos pagar R$ 600,00, pô!”. E ainda deu lição de moral: “R$ 600,00 é pouco, mas é muito para quem não ganha nada”. O resto da história o mané dos pubs já sabe: a Caixa Federal pagou um monte de gente e o Jair correu para o abraço.
O mesmo estrategema foi aplicado agora nas discussões do Bolsa Brasil, uma cópia descarada do Bolsa Família, o programa social mais famoso criado pelo lulopetismo.
Os sábios do ministério da Fartura argumentavam que para viabilizar essa nova menina dos olhos presidencial, era preciso acabar outros benefícios sociais já existentes (como a Farmácia Popular, outra criação dos tempos de Lula da Silva).
O ex-capitão, atilado como sempre, subiu ao púlpito e anunciou à nação: “Não vamos tirar dos paupérrimos para pagar os pobres”, vetando de vez a ideia, tecnicamente coerente mas politicamente desastrosa, de descobrir um santo para cobrir o outro. Foi mais um triunfo do grande Jair ao custo de uma humilhação pública do dr. Guedes.
A conferir
Com o estado do Rio de Janeiro no fundo do poço em termos políticos e institucionais a aposta é que chegue a vez do PSOL nas próximas eleições: tantos as municipais, que foram adiadas por conta da pandemia, quanto a de governador, que poderá ser antecipada caso o vice Cláudio Castro também seja destituído, a exemplo do que aconteceu com Wilson Wtizel na semana passada, numa surpreendente decisão monocromática de um ministro do Superior Tribunal de Justiça.
Pergunta que não quer calar
Por que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle Bolsonaro?