Menos taxa de inflação desde o Plano Real
21/11/2025
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (SPE/MF) apresentou no último dia 13 o Boletim Macrofiscal, com previsões de indicadores macroeconômicos e do Prisma Fiscal. Também foi realizada a divulgação do Panorama Macroeconômico.
Um dos temas da entrevista foi a a revisão do prognóstico de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025: de 2,3% (boletim de setembro) para 2,2% (novembro). Esse ajuste decorre de desacelerações nos setores da indústria e de serviços, compensada por alta na agropecuária. Para 2026, foi mantida projeção de crescimento de 2,4% no PIB. Mesmo neste ponto, as projeções iniciais mostram solidez, segundo o secretário nacional de Política Econômica, Guilherme Mello.
Guilherme Mello ressaltou que, mais uma vez, os resultados efetivos da economia (assim como as projeções da SPE) contrariaram as expectativas pessimistas de mercado, que no início de 2025 apontavam para crescimento bem mais modesto e inflação mais elevada.
Uma das incertezas, explicou, envolvia o comportamento da inflação, após a alta dos preços dos alimentos no final do ano passado. “Mas o nosso cenário base, ainda no início do ano, incluía uma desaceleração importante nos preços de alimentos”, advertiu. Nem mesmo o “tarifaço” norte-americano conseguiu desestabilizar as projeções, apontou o secretário.
Conforme apontou Guilherme Mello, houve contribuições tanto da política monetária quanto da política fiscal nesse processo de ajuste. “Há uma coordenação na ação das duas políticas. A execução orçamentária, em particular no primeiro semestre, foi mais restrita, com um impulso fiscal bem menor que nos anos anteriores, combinada com uma política monetária também mais restritiva.
Guilherme Mello ressaltou diversos indicadores de sucesso da estratégia executada desde 2023. “No conjunto desses três anos e com as projeções para o ano seguinte, temos a menor taxa de inflação acumulada em quatro anos desde o início do Plano Real; a maior taxa de crescimento em quatro anos e em mais de uma década. Também as menores taxas de desemprego, pobreza e de miséria da nossa história. O Brasil voltou a sair do mapa da fome”, disse o secretário. Ele lembrou, ainda, que o próprio setor privado estima que em 2026 será alcançado o maior nível de investimento em infraestrutura da história do País. “Todos esses são resultados particularmente positivos”, afirmou Mello.
Os avanços obtidos desde 2023 também envolvem o campo fiscal, alertou o secretário. “Quando observamos o resultado fiscal nesses últimos três anos o governo entregou o resultado que ele propôs. Entregou e vai entregar novamente”, disse Guilherme Mello, em referência ao déficit público dentro da meta. “Déficit primário zero. Mesmo que somados precatórios e eventuais gastos que estão fora dessa conta, o resultado primário brasileiro vai ser algo próximo de zero”, destacou o secretário de Política Econômica.
Tarifaço
O impacto das tarifas comerciais norte-americanas sobre as exportações brasileiras e o Plano Brasil Soberano foi apresentada pelo coordenador-geral de Projeções Econômicas, Rafael Leão.
Apesar da retração nas exportações para os Estados Unidos, as exportações totais brasileiras seguiram crescendo. Crescimentos nas exportações para Argentina (+22%) e China (+25,7%) compensaram perdas nas vendas ao mercado norte-americano, com um ganho conjunto de US$ 6,5 bilhões. Os principais destaques nessa alavancagem de exportações para a Argentina foram automóveis, caminhões-trator, energia e veículos leves. Para a China, os destaques foram soja, carne bovina, petróleo e minério de ferro.
“O Plano Brasil Soberano tem sido decisivo nesse processo”, destacou o coordenador-geral de Projeções Econômicas da SPE. Esse plano contou com 517 operações de crédito até início de novembro, somando R$ 7,1 bilhões; R$ 4 bilhões de capital de giro para diversificação de mercados; além de R$ 3,1 bilhões para capital de giro tradicional, informou a SPE. A análise mostra que até agora foram 126 grandes empresas e 391 micro, pequenas e medias empresas (MPMEs) beneficiadas.
Um plano para o Brasil
02/10/2020
Em parceria com a Fundação Perseu Abramo, o PT lançou no último dia 21 o “Plano Nacional de Reconstrução e Transformação do Brasil”. A elaboração do documento teve a participação de movimentos e entidades sociais e trabalhistas (CUT, MST, UGT e Força Sindical) e de outros partidos da oposição (PDT, PSB, PCdoB e Psol).
Tanto é que no lançamento do Plano houve a presença de políticos como o governador do Maranhão Flávio Dino (PcdoB) e do ex-senador pelo Paraná Roberto Requião (MDB).
Naturalmente houve críticas ao governo Bolsonaro. Sérgio Nobre, presidente da CUT, afirmou: “o ministro da Economia, Paulo Guedes "tem cinco ministérios, e não toca nenhum”, referindo-se às pastas extintas pelo atual governo: Trabalho, Previdência, Planejamento e Indústria e Comércio.
Um dos pontos que chama a atenção no Plano é a ênfase da necessidade do país superar a situação de simples exportador de commodities agrícola, investindo na industrialização e no mercado interno.
Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, disse: “O Brasil é o segundo maior produtor exportador de alimentos do mundo. A previsão é que em 2024 nós vamos ser o primeiro do mundo. Como é que um país como esse não tem comida para alimentar o seu povo?”
O ex-prefeito Fernando Haddad afirmou que desde o processo de impeachment contra Dilma Rousseff, em 2016, os brasileiros estão perdendo direitos. “De lá para cá, tivemos desemprego, crise sanitária, epidemia, crise de segurança, de infraestrutura e na educação. E não temos um documento para discutir o que queremos e esperamos do Brasil”, disse.
Na área da Saúde a proposta principal é de fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde), por meio de medidas como testagem em massa, estabelecimento da fila única e produção e distribuição de fármacos e vacina para prevenção da Covid-19. Nos mesmos moldes, defende também a estruturação de um Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).
Para defender e preservar a Amazônia, o documento propõe tolerância zero para o desmatamento ilegal.
Na área tributária a proposta é a taxação de grandes fortunas e dos rendimentos financeiros, de lucros e dividendos, a fim de “aliviar a carga tributária sobre os mais pobres e as pequenas empresas. Também existe a proposta para a revogação da Emenda Constitucional 95, que estabeleceu o Teto de Gastos, e das reformas trabalhista e previdenciária.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffman, criticou a interdição que sempre ocorre nos debates nacionais: ““não cabe, para enfrentar a crise nacional, as velhas saídas negociadas por cima. Entre os sócios da iniquidade, como ocorreu em tantos momentos históricos, sempre relegando ao povo o papel de expectador”.


