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O bolsonarismo está nu

 

19/04/2024

 

Em condições normais de temperatura e pressão a votação na Câmara dos Deputados, no dia 10 passado, que acabou confirmando a prisão do deputado Chiquinho Brazão, teria causado alguma comoção à nação. Mas nesses tempos de polarização extrema, parece ter sido tão somente um embate corriqueiro entre petistas e bolsonaristas, esquerda versus direita. Contudo nada é tão simples como se parece.

Chiquinho Brazão é um dos suspeitos de serem um dos mentores do assassinato covarde da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e seu motorista Anderson Gomes, em 2018. A prisão de Chiquinho, de seu irmão Domingos e de Rivaldo Barbosa, que eram ninguém menos que o chefe da polícia civil do Rio na época, desnudou o grau de articulação e avanço das chamadas milícias no carcomido aparelho estatal do estado fluminense.

O PL, atual guarda-chuva partidário do clã Bolsonaro, fez abertamente campanha pela soltura do ainda deputado. Faziam questão de dizer de que o voto não era pela libertação de um suspeito de homicídio e sim um “voto de protesto” contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e mais especificamente contra o ministro Alexandre de Moraes, além de outras lousas e mariposas. Ou seja, as mesmas retóricas vazias que sempre ressoam bem dentro da bolha, mas que fora faz corar até o Emerildo de Elio Gaspari.

Após o empenho do governo e dos partidos de esquerda e centro-esquerda, o placar pela continuidade pela prisão ficou em 227 a 129. Apesar da vitória civilizatória, ninguém ignorou que o número expressivo de deputados que votaram contra. Alguns analistas até acham que o episódio acabou criando uma espécie de “bancada da milícia”. Um deputado de esquerda, mais ousado, disse: “os bolsonaristas tentaram criar a “saidinha seletiva”.

O PSDB tem que voltar

No final de 2020, logo após as eleições municipais, ninguém imaginaria que o PSDB estaria prestes a entrar numa fratricida espiral de derrocada que levaria ao seu fim.

Afinal o prefeito Bruno Covas (neto do falecido ex-governador Mário Covas) tinha acabado de ser reeleito na capital paulista e João Doria era o governador do principal estado da União. Ou seja, o PSDB controlava, na época, dois dos três maiores orçamento do país.

Corte rápido: abril de 2024. Após a chamada janela partidária (período em que a Justiça Eleitoral permite que políticos troquem de partidos), a bancada tucana na Câmara Municipal de São Paulo simplesmente evaporou: todos os oitos vereadores debandaram para outras siglas para terem melhor condições para a disputa desse ano. Além disso, o PSDB não terá candidato próprio aqui na cidade de São Paulo e nem em 11 capitais do país.

Os últimos quatro só foram tragédias para um partido que teve o seu auge no governo de Fernando Henrique Cardoso, no final do século passado. Nesse interim Bruno Covas, a principal promessa de renovação dos tucanos, morreu de câncer e João Doria, que tentou de tudo para se viabilizar candidato a presidente em 2022 (e por isso criou inúmeros inimigos), sofreu uma espécie de “expulsão branca”, deixando o PSDB, pela primeira vez na sua história, fora da disputa presidencial.

Apesar de serem importantes, esses dois episódios não foram os únicos fatores para a derrocada de uma legenda que, ao lado do PT, surgiu com a promessa de renovar o bolorento quadro político-partidário na fase de redemocratização dos anos 1980.

No meio dessa crise terminal, o comunicador José Luiz Datena se filiou à legenda graças a uma articulação do vice-presidente Geraldo Alckmin (sim, o “picolé de chucu” ainda tem influência por lá). Seria a cereja do bolo se tivesse algum.

Boa notícia

As vendas no varejo brasileiro surpreenderam analistas em março, que esperavam queda de 0,8%, ao registrar alta de 0,8%. Com o resultado, o setor fechou primeiro trimestre com alta de 2,4%. Na comparação com março de 2022, houve alta de 3,2%. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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