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Muito além do privado,

muito aquém do público

 

26/07/2024

 

Que os nossos governantes, frequentemente, fazem confusão do que é público e do que é privado no trato dos negócios de Estado, isso não é nenhuma novidade. Desde que o Brasil é Brasil, tem-se conhecimento do mau uso da coisa pública pelo mandatário de plantão.

Todavia, no caso, do governo do ex-presidente Bolsonaro esses malfeitos parecem ter sido bem mais frequentes, até acima da média do que era “normal”. Basta ver os casos da tentativa de posse das joias sauditas e da adulteração do cartão de vacinação. Mas a coisa foi muito além do que essas duas situações.

Bolsonaro parece ter feito uso indevido de dois dos principais órgãos de segurança do Estado: a Polícia Federal (PF) e a Abin (Agência Nacional de Inteligência). Isso ficou patente naquela fatídica reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020. Na época o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) estava sendo atormentado por investigações das supostas “rachadinhas”.

Na dita reunião ministerial, o então presidente vociferou: "Eu não vou esperar foder a minha família toda, ou amigos, porque não posso trocar alguém na ponta da linha. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe dele? Troca o ministro". O episódio foi a gota d’água para a cisão entre o Bolsonaro e Sergio Moro, que pediu demissão do Ministério da Justiça, acusando o presidente de intervir na PF (mas logo reataram as relações durante a campanha presidencial de 2022).

Moro ficou especialmente irritado com o desejo do presidente em indicar Alexandre Ramagem para diretor-geral da PF (aliás ato presidencial suspenso pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes). No fim Ramagem se tornou chefe de Abin.

Agora veio a público uma gravação de uma reunião daquele mesmo ano, feita por Ramagem, já chefe de Abin, em que participar o presidente Jair Bolsonaro e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Heleno Nunes. A “pauta” da reunião? Maneiras de blindar o senador-filho das referidas investigações.

A gravação, que dura mais de uma hora, revela algumas indiscrições. Ao ser informado que o advogado Frederick Wassef tinha pagado as despesas Fabrício Queiroz, que foi uma espécie de faz tudo do clã Bolsonaro, o presidente retruca: “Qual é o problema?”.

Hoje se sabe que a Abin bolsonarista espionou Deus e o mundo. Ou melhor, pessoas que eram consideradas opositoras ao governo, sejam elas do mundo político, do Judiciário e até mesmo da área da comunicação.

No meio desse imbroglio todo, uma das perguntas que não quer calar é porque o próprio presidente da República também foi “arapongado” pelo órgão de inteligência?

Eleições 2024

No sábado passado, dia 21, foi oficializada a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo. A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) será a sua companheira de chapa.

O próprio presidente Lula fez questão de participar de sua convenção. Também estiveram presentes a primeira-dama Janja e seis ministros do governo, dentre os quais o da Fazenda, Fernando Haddad, que aliás também foi prefeito da capital. Companheira de partido de Boulos, a também ex-prefeita (e atual deputada federal) Luiz Erundina marcou presença.

Boulos disse que São Paulo precisa de “um choque de humanidade”. Também disse que frustrará adversários que esperam que ele faça uma campanha discutindo ideologia ou entre no "debate rebaixado pelas mentiras que eles inventam".

Lula afirmou que Boulos "é a única possibilidade dessas eleições" para garantir a dignidade e o respeito para "o povo de São Paulo, sobretudo da periferia". E completou: "você pode ter certeza que você conta com o meu apoio em qualquer momento. Não se deixe levar pelas mentiras, não aceite provocações".

Vamos a la playa?

 

14/06/2024

 

Quando se achava que o pacote de engodos e malfeitos (devidamente embalado com boas intenções) do clã Bolsonaro já tinha se esgotado, eis que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aparece patrocinando, como relator, de uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) que, em última instância, abre possibilidade de simplesmente privatizar as praias brasileiras.

Isso mesmo, sob o argumento de que tal proposto eliminaria o pagamento de taxas “absurdas” que alguns poucos abonados pagam por imóveis perto de praias paradisíacas, o referido texto permite que áreas de marinha (que incluiu não apenas a orla marítimas, como também beiras de lagos e manguezais) possam ser transferidas para estados, municípios e...proprietários privados.

O assunto provocou (e tem provocado) uma repercussão avassaladora, principalmente entre os especialistas e estudiosos do meio acadêmico que enxergam também o perigo de piorar ainda mais as condições de proteção e preservação dessas áreas marítimas e pluviais, que são biomas fundamentais para o equilíbrio climático do planeta.

No tocante às taxas e impostos “absurdos”, muitos desses especialistas refutam: se ele é realmente o problema, que se faça um estudo e análise a respeito, no âmbito da questão tributária. Mas não, a PEC, de número 03/22, de maneira paradoxal, quer justamente premiar esses proprietários “lesados”, transferindo a titularidade de um espaço que, por força constitucional, é do Estado. É quase igual querer acabar com um dor de cabeça decepando a própria cabeça.

O nobre senador argumenta que uma das vantagens da privatização das praias é que isso poderá atrair investimentos para o turismo, como a criação de resorts de luxo existentes em Cancún, Miami e Ibiza. “Isso criaria vários empregos”, clama cheio de boas virtudes. Sim, empregos como atendentes de hotéis, garçons, manobristas e outras funções típicas para atender a uma elite que já se usufrui desses locais paradisíacos. Com a vantagem de não pagar mais taxas “onerosas”.

Verde-amarelo

Na última parada orgulho gay, ocorrido no dia 2 de maio passado, aqui em São Paulo, a cantora Pablo Vittar, conclamou a todos a usar o verde-amarelo, as cores símbolos da bandeira nacional. Há um bom tempo capturado pelos grupos de direita radical o verde-amarelo pareceu ter se tornado propriedade exclusiva desses supostos nacionalistas. Muito atenderam ao pedido da artista e foram vestidos com essas cores.

Boa notícia

Segundo a Agência Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve alta de 0,8% na comparação com o último trimestre de 2023 e totalizou R$ 2,7 trilhões nos três primeiros meses de 2024. O setor de Serviços foi o principal responsável pela variação positiva, com alta de 1,4%, principalmente em função das contribuições de Comércio (3%), Informação e Comunicação (2,1%) e Outras Atividades de Serviços (1,6%). A Agropecuária cresceu 11,3% e a indústria registrou pequena variação negativa (-0,1%), considerada estabilidade. Segundo analistas do mercado financeiro, o consumo das famílias também tem ajudado na expansão da economia.

Maria da Conceição Tavares

Faleceu no último dia 7, aos 94 anos de idade, a economista Maria da Conceição Tavares. Portuguesa de nascimento, Maria da Conceição era uma das principais economista da esquerda brasileira, chegando mesmo a integrar a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe). Por consequência era uma ácida crítica do liberalismo e chegou a até dizer em um dos seus artigos: “Com o neoliberalismo não vamos a lugar algum. Sobretudo porque, repito: historicamente o Brasil nunca deu saltos se não com impulsos do próprio Estado”.

Pelas redes sociais, o presidente Lula lamentou a sua morte, assim com os economista Aloízio Mercadante, presidente do BNDES, e Márcio Porchmann, presidente do IBGE.

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